segunda-feira, 19 de maio de 2008

Fichamento de POLANYI, Karl. A Grande Transformação. São Paulo, Campus, 1980. Capítulo 12

O Nascimento do credo liberal



Karl Polanyi irá trabalhar no capítulo 12 de sua obra “A Grande Transformação”, como que a relação de trabalho criará uma desigualdade social; isso, demarcado no século XIX, que foi marcado pelo avanço do mercado e simultaneamente ao do trabalho, de terras e ao de financiamento.
Com isso, o autor tentara mapear a lógica do mercado capitalista, que irá se expandir da Europa central para o resto do mundo; o capitalismo esta constantemente em expansão, e isso irá ser realizado de várias formas. Para melhor explicar essa lógica de avanço de mercado, Polanyi irá mencionar a política do Laissez-faire que teve sua origem na França em meados do século XVIII e que significava libertar-se das regulamentações da produção, e o comércio não estava incluído.
A Inglaterra, em meados do século XVIII, estava com um protecionismo entranhado que os fabricantes de algodão de Manchester, em 1800, exigiram a proibição da exportação do fio, embora tivessem consciência do fato de que isto significava perda de negócios para eles. As origens do livre comércio da indústria do algodão são realmente um mito. A indústria só queria libertar-se da regulamentação na esfera da produção, pois a liberdade na esfera da troca ainda era considerada um perigo.
Na verdade, na obra, Polanyi irá deixar bem claro que o Liberalismo no século XIX era elitista e excludente, porém terá como objetivo unificar o Estado dentro de uma liberdade mercantil, deixar funcionar livremente.
Nesses novos setores assalariados, surgidos com essa expansão comercial, no final do século XVIII irá nascer uma nova elite social, um novo grupo de intelectuais. E é nessa época que vai haver uma extensão da cultura, com a possibilidade de vários setores da sociedade terem acesso à universidade, isso irá criar, irá fazer surgir, uma nova formação de intelectuais.
E o liberalismo começará a ser questionado por essa elite nascida de sua essência, e como exemplo, será a Comuna de Paris, em 1871, época de maior medo e aflição das elites européias.
E para finalizar seu capitulo sobre o nascimento do credo liberal, Polanyi irá surgir com um questionamento sobre as duas interpretações sobre o liberalismo. Qual seria a mais correta, o liberal econômico que afirma que sua política jamais teve uma oportunidade, tendo sido estrangulada por sindicalistas de visão estreita, intelectuais marxistas, fabricantes gananciosos e latifundiários reacionários; ou a dos seus críticos, que podem apontar para a reação “coletiva” universal contra a expansão da economia de mercado, na segunda metade do século XIX e como prova conclusiva do perigo para a sociedade inerente ao princípio utópico de um mercado auto - regulável? Questionamento que irá ser decifrado no decorrer dos próximos capítulos de sua obra.

domingo, 18 de maio de 2008

Fichamento de: SAID, Edward. Orientalismo. São Paulo, Companhia das Letras. Introdução

Orientalismo
O Oriente Como Invenção do Ocidente



Edward W. Said dará início a introdução de sua obra “Orientalismo: O Oriente como Invenção do Ocidente”, expondo a idéia que desenvolvera ao longo dos parágrafos:


“O Oriente era quase uma invenção européia, e fora desde a Antiguidade um lugar de romance, de seres exóticos, de memórias e paisagens obsessivas, de experiências notáveis. Estava agora desaparecendo: acontecera; de certo modo, o seu tempo havia passado. Talvez processasse irrelevante que os próprios orientais tivessem alguma coisa em jogo nesse processo, que mesmo no tempo de Chateaubriand e Nerval houvesse orientais vivendo lá, e que agora eram eles que estavam sofrendo; o principal, para um visitante europeu, era uma representação européia do Oriente e da sua ruína contemporânea, tanto como a outra com um significado comum privilegiado para o jornalista e seus leitores franceses”.


O autor irá analisar a conjunturas do século XX e os letrados dessa época, que irão construir a idéia de Oriente. E ao longo desse mesmo século, parte da nação do Ocidente é dada em parte pela sua contraposição do Oriente. Também a arte do século XX vai traduzir bem a imagem do Oriente pelo homem europeu; será mais um estereotipo, do que uma descrição; a cultura, nessa época, será um subproduto da economia.
Os europeus tinham uma visão bastante etnocêntrica do Oriente, sempre se baseavam na sua própria cultura, no seu modo de viver e nos seus costumes; por isso havia um certo estranhamento da parte dos mesmos.
O texto vai trabalha com questões geográficas e vai mostrar a importância do Orientalismo como forma de encarar um conjunto de culturas funcionais para se compreender a cultura Ocidental.
Said vai ainda diferenciar o Orientalismo em suas diversas formas:

“O que o orientalismo alemão tinha em comum com o orientalismo anglo-francês, e mais tarde com o americano, era uma espécie de autoridade sobre o Oriente no interior da cultura ocidental. Essa autoridade deve ser tema, em grande parte, de qualquer descrição do orientalismo, e o é neste estudo. Até o nome orientalismo sugere um estilo de especialização séria, pesada até; quando eu o aplico aos cientistas sociais americanos de hoje (visto que eles não chamam a si mesmos de orientalistas, o meu uso da palavra é anômalo), é com o fim de chamar a atenção para a maneira como os peritos no Oriente Médio ainda podem nutrir-se dos vestígios da posição intelectual do orientalismo na Europa do século XIX.”


Para finalizar, é perceptível que o autor após ter apontado para todas essas visões do Ocidente em relação ao Oriente, tendo como partida saber que a construção do Oriente ajudou ao Ocidente a montar sua própria imagem, devemos pensar o colonialismo como um processo de entender a Europa.

Fichamento de: DE DECCA, Edgar. “O Colonialismo como glória do Império” In: REIS FILHO, Daniel Aarão et alli. O século XX: o tempo das certezas. Rio d

O colonialismo como a glória do império.


Edgar de Decca dará início ao seu artigo citando as festividades de 22 de junho de 1897, onde se comemorava o jubileu de diamante da rainha Vitória, porém era um momento muito mais que especial, pois a Inglaterra nunca havia vivido um período de tão grande prosperidade econômica, com sua poderosa industrialização expandindo seus benefícios para um número cada vez maior de pessoas. É nesse âmbito que podemos encaixar a idéia de colonialismo defendida por de Decca, acreditando que o processo de industrialização contínua leva à expansão e a uma troca econômica e cultural:


“Agora, talvez, seja o momento de definirmos esse conjunto de acontecimentos históricos que expandiu as economias e os estados europeus para todas as partes do planeta, criando um grande sistema global de trocas de mercadorias, dinheiro, armas e população européia para o domínio de vastas áreas territoriais em todas as partes do mundo foi de tal proporção que ainda hoje estamos acostumados a definir este período da história contemporânea, que se estende de 1870 a 1914, como o período do imperialismo”.


O autor irá analisar a utilização do termo “imperialismo” como errôneo, dado que o mesmo tem um sinônimo de “construção de impérios”, pois para que este termo tivesse alguma correspondência com a realidade, seria necessário que a nação comandante desse império estendesse suas leis e suas instituições aos novos territórios e tornasse os povos dessas regiões tão iguais em direitos do que aqueles que vivem na nação-mãe; e isso nunca aconteceu. Portanto, podemos definir o imperialismo como uma política deliberada dos estados europeus de anexação de povos e territórios com vistas à expansão dos mercados capitalistas.
E De Decca irá ressaltar também, que nem todas as ampliações desses mercados capitalistas durante as últimas décadas do século XIX, foram realizadas mediante a uma ostensiva política imperialista de controle burocrático e militar de povos e nações; e um exemplo de um modo diferente de expansão foi no Brasil, que durante esse período, com a expansão da cultura cafeeira em São Paulo, concentrou grandes investimentos estrangeiros em casas bancárias e comerciais, no aparelhamento dos portos, nos transportes e serviços urbanos de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como na abertura de uma rede ferroviária que se estendia por toda a região de cultivo de café.
A expansão não se dava apenas pela força de mercado, haviam pactos locais, havia já uma elite de poder local que frequentemente vai se aliar à essa nova elite. O colonialismo não passava apenas pela questão racial, mas também por uma questão de elite, o que acabará gerando:


“A verdade é que não havia como ignorar a importância do debate revisionista, porque o capitalismo estava avançando em todos os lugares da Europa e fora dela, os trabalhadores industriais estavam se constituindo numa força política importante e os partidos socialistas ganhavam lugares importantes no Parlamento de vários países. Entre as vitórias conquistadas destacam-se, principalmente, a do Partido Social Democrata da Alemanha nas eleições de 1902, o crescimento do socialismo na Itália como forte presença das cooperativas camponesas, a quase-maioria dos socialistas no governo da câmara da França e também a presença marcante do Partido Socialista na Áustria”.


De Decca irá finalizar sua obra, afirmando que em um período de tantas mudanças e descobertas seria difícil avaliar como ocorreram tais transformações; porém, ele irá perceber que muitas das descobertas feitas pelas nações européias só foram possíveis, pelo desenvolvimento tecnológico propiciado pela industrialização.

sábado, 12 de abril de 2008

HOBSBAWM, Eric J. Uma economia mudando de marcha. (capítulo II). In: A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. p

Uma Economia Mudando de Marcha




O segundo capítulo da obra “A Era dos Impérios” de Hobsbawm, vai tratar da economia capitalista no final do século XIX. O autor vai enunciar: a Crise, sem estagnação, de 1870, gerada pelo crescimento da produção Industrial, da deflação e da crise das taxas de lucro; o pique da agricultura e a solidificação do mercado.
Relativo à Crise de 1870, haverá um grande fluxo de migração de europeus, que fugiam em busca de esperança, para a América. E essa falta de esperança na Europa vai ocorrer devido às técnicas e aos modelos se tornarem ultrapassados, será uma crise do período de crescimento; o capital que era investido na produção tinha um retorno cada vez menor, o lucro irá se tornar cada vez maior, mas a sua taxa cada vez menor. Porém, Hobsbawm afirma que a crise é um elemento inerente do capitalismo, um combustível para a sua renovação:

Vai haver uma ”Destruição Construtiva”

Idéia essa, que estará implícita na teoria Marxista. O Capitalismo é auto-destrutivo, por isso, irá surgir uma necessidade de táticas para tornar as crises do mesmo, menos destrutivas para o mercado e para a sociedade. Com isso, as crises vão se tornando cada vez mais complexas, e cada vez mais o setor financeiro ganha importância e dinâmica no sistema capitalista. Nessa época, o complexo industrial militar vai ser importante à economia e ao avanço industrial dos Estados Unidos, produzindo inovações técnicas.
Nesse capítulo, Hobsbawm vai contextualizar que o Colonialismo, Imperialismo e capitalismo serão processos completamente interligados: A dificuldade que passava o Capitalismo nesse momento (por volta de 1870), fez com que o mesmo se expandisse para o mundo, através do Imperialismo, e esse era dado pelo colonialismo, que marcava a relação das sociedades imperialistas com suas colônias.
Dito anteriormente, as duas reações não governamentais mais comuns, à crise, foram a emigração e a formação de cooperativa, sendo esta última opção, principalmente, dos sem-terra e dos proprietários de terras sem bens líquidos, estes sobretudo camponeses com propriedades potencialmente viáveis. A migração ultramarina era a válvula de escape que mantinha a pressão social abaixo do ponto de rebelião ou revolução; quanto às cooperativas, ofereciam empréstimos modestos aos pequenos camponeses.
Em relação à depressão dos preços, lucros e taxas de juros, foi criada uma medida para solucionar tais problemas, chamada bimetalismo; que foi uma espécie de monetarismo às avessas, que atribuía a queda dos preços fundamentalmente a uma escassez mundial de ouro, que gradativamente se tornava a única base do sistema mundial de pagamentos (através da libra esterlina, com sua paridade fixa em relação ao ouro). Um sistema baseado tanto no ouro como na prata, disponível em quantidades cada vez maiores, especialmente na América. A Grande Depressão irá fechar a longa era do liberalismo econômico.
Dito isso, Hobsbawm conclui o segundo capítulo de sua obra “A Era dos Impérios” afirmando que toda essa crise do Capitalismo, colaborou com certas evoluções econômicas, pois ele mesmo afirma que seria uma “Destruição Construtiva”, e as mesmas tendências da economia pré-1914, que tornaram a era tão dourada para as classes médias, empurraram-na à guerra mundial, à revolução e aos distúrbios, excluindo a hipótese de uma volta ao paraíso perdido; ou seja, o capitalismo esta ligado a crise, é um ciclo vicioso para sua renovação.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

HOBSBAWM, Eric J.A Revolução Centenária. In: A Era dos Impérios1875-1814. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1988. pp. 29-56. (Texto 3).

A Revolução Centenária


Nesse capítulo da obra “A Era dos Impérios”, Hobsbawm tentará ilustrar as transformações, não só do capitalismo, como do mundo inteiro, principalmente da Europa, ao longo de um século. Um trecho do capítulo que irá demonstrar toda sua idéia:

“Contudo, enquanto num sentido o mundo estava se tornando demograficamente maior e demograficamente menor e mais global - um planeta ligado cada vez mais estritamente pelos laços dos deslocamentos de bens e pessoas, de capital e comunicações, de produtos materiais e idéias -, em outro sentido este mundo caminhava pela divisão.”

O autor deixará claro que o Capitalismo é um sistema que demanda transformação, produz progresso, e atrelado à Industrialização vai transformar esse processo de mudança em algo muito visível. E essa mudança será a única coisa imutável dentro da sociedade contemporânea.
As principais mudanças que irão ocorrer no mundo serão: as distâncias reduzidas, o aumento da expectativa de vida, a criação de um Mercado Mundial, diferenças cada vez maiores entre os mais ricos e os mais pobres (pessoas e sociedades) e o progresso da economia, que irá gerar desenvolvimento e subdesenvolvimento. O Capitalismo vai servir como um mecanismo de aproximação e distanciamento, pois ao mesmo tempo em que, com ele surgirá um mercado onde todos irão participar; criará uma maior diferença entre os países ricos e pobres.
Hobsbawm enunciará que no século XIX, a Europa terá um destaque maior; graças a Revolução Industrial e todas as mudanças atreladas a ela. Devido a esse destaque, os europeus irão penetrar totalmente na Ásia, na África e na América; tornando possível dominar e vencer os exércitos africanos e asiáticos com a sua tecnologia bélica, mais avançada. Com isso, percebemos que a Industrialização vai criar as diferenças entre as diversas sociedades do mundo, e até mesmo, dentro dos países.
No final do século XVIII, a tecnologia era muito rudimentar, havia pouco conhecimento científico. Porém, a partir do final do século XIX vai haver a Segunda Revolução Industrial, caucada no desenvolvimento científico, assim, demandando uma busca cada vez mais sistemática de tecnologia. Esse período será simultâneo ao uso do conhecimento científico como menção à dominação social.
A agricultura, no século XIX, vai passar por um processo de transformação, de desenvolvimento na produção (produzir no campo para a indústria). A produtividade da agricultura na Segunda Revolução Industrial vai aumentar, principalmente pelo uso de agrotóxicos, fazendo com que surgisse a mecanização no campo, e dando destaque a importância do desenvolvimento da Indústria Química.
A dinâmica do Capitalismo vai fazer emergir duas classes sociais, os Operários (com sua força de trabalho) e os Burgueses (com a posse do capital). Nessa época irá nascer na França e na Inglaterra, uma massa miserável da população. Com isso, ao logo do século XIX nesses países, vai haver uma série de revoltas, movimentos sociais, de resistência às condições péssimas de trabalho das camadas pobres ativas da população. Nesse âmbito, irão surgir os primeiros partidos operários (segunda metade do século XIX), que irão conseguir melhores condições de trabalho aos operários; como, redução da jornada de trabalho e extensão dos direitos civis.
Hobsbawm acredita que a miséria vai ser um elemento importante para o desenvolvimento da produção capitalista, pois obrigava os cidadãos a trabalhar em busca de recursos básicos para a vida. E vai finalizar seu primeiro capítulo indagando se o progresso levaria a um avanço da civilização, a um mundo, ou mesmo um país, “mais aperfeiçoado”; mais notável nas melhores características do homem e da sociedade; mais a frente do caminho da perfeição, mais feliz, mais nobre, mais sábio; e irá responder que as mesmas mentes que levaram o mundo ao progresso, o levarão a uma crise.

segunda-feira, 31 de março de 2008

FALCON, Francisco. “O capitalismo unifica o mundo” In.: REIS FILHO, Daniel Aarão et alli. O século XX: o tempo das certezas. Rio de Janeiro, Civiliza

Falcon vai dar início a sua obra explicitando o mecanismo do processo de unificação do mundo através de uma forma de produção e economia e todas as dúvidas, tanto teóricas como didáticas e receios quanto aos leitores e suas leituras, para elaborá-la. Porém, ao longo do texto, ele tenta resolver essas questões de maneira mais exeqüível, montando o Capitalismo como plano de fundo da História Contemporânea e, assim, analisando-o através de todos os seus prismas.
O século XVIII, para Falcon, será marcado por duas transformações, a Revolução francesa e a Revolução Inglesa, que irão afetar o mundo de tal forma, que suas conseqüências respingarão toda uma sociedade mundial, permanecendo durante muito tempo como inspiração para várias outras transformações, tão marcante ou menos. Dentro desse âmbito, irão ser levantadas, ao longo da obra, duas questões, que serão: a indagação do surgimento do capitalismo no século XVI, podendo ser marcado com a expansão marítima, o comércio de escravos e a interligação de várias nações, porém Falcon vai contra-argumentar que nessa época há elementos capitalistas, mas não uma sociedade capitalista de fato, e um dos grandes motivos será por ter a marca da escravidão. Com isso, ele vai reafirmar o surgimento do mesmo, a partir do século XVIII, explodindo com a Revolução Industrial.
Falcon irá analisar o desenvolvimento do mercado internacional, que irá aproximar culturas das mais diversas, através das disputas anglo-francesas, cujos cenários decisivos foram as Américas e a Índia, envolvendo colônias, entrepostos comerciais, rotas e tráficos. Essa descrição, apesar de bastante simplificada, evidencia a existência de conexões mercantis e financeiras que ultrapassavam em muito os espaços regionais, tratando de uma economia-mundo cujos centros se encontram na Europa, onde o Capitalismo irá dar seus primeiros suspiros. Esse exemplo da França e suas colônias, vai explicitar o que o autor vai evidenciar, em uma das passagens do texto, que não é a existência de um mercado que vai tornar uma sociedade e uma economia capitalista, o que irá tornar vai ser um tipo específico de mercado dentro de uma determinada sociedade, ou seja, a França terá uma sociedade capitalista com sua economia colonial, porém a “colônia” não vai formar uma sociedade capitalista, mesmo participando do mercado, por não ser uma nação formada.
Essa sociedade capitalista colaborou com o desenvolvimento desse sistema, pois permitiu o aumento da demanda dos elementos básicos para a vida, como roupas, alimentos, etc. Nesse aspecto, podemos remontar a Revolução Industrial, criadora de toda essa mentalidade social, como uma mudança que traz grandes transformações nos modos de produção e relações de trabalho, com o surgimento do salário e as 16 horas semanais.
No início do século XIX, tendo como base toda essa mudança, irá surgir uma súbita vontade pela liberdade, e com ela o liberalismo, que montará uma série de lutas por um reconhecimento, perante a lei. Conseguidos tais direitos, esses que lutaram por uma liberdade, como sempre elitistas, irão restringir os direitos a benefício próprio, fazendo do direito cidadão uma questão censitária. Nessa esfera ambiciosa, surgirá a vontade da construção de uma nação; porém problemas culturais e políticos irão surgir, com a reconstrução de uma língua nacional, de uma literatura, da própria cultura e principalmente, da História nacional.
Falcon vai deixar bem nítido as grandes diferenças na Europa, não era um continente homogêneo; havia a cada país uma série de diferenças, não só culturais e políticas, como territoriais também. Mas o seu objetivo era mostrar o Capitalismo como iniciador de uma unificação mundial, uma globalização entre culturas e entre modos de vida; objetivo claro para nós ao nos deparar com uma série de produtos vendidos a nosso alcance.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo, Companhia das Letras, 2007. Introdução: “Modernidade – ontem, hoje, amanhã” p.24-49.
Berman vai abordar a Modernidade de uma forma peculiar, a tratando mais como uma ideologia, do que como uma etapa temporal; demonstrando que é cheia de ambigüidades e contradições.Vai dar início ao texto falando sobre o “tempo vital”, onde se encontra um apanhado de experiências, como as do tempo e espaço, de si mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida; o que hoje é compartilhado por todos no mundo, e é esse grupo de experiências, que vai ser designado como Modernidade. O “ser moderno”, para Berman, é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas ao redor, mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo que sabemos e tudo o que somos. A Modernidade vai ter o dom de unir a espécie humana, porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade desunida; porque ao mesmo tempo em que ela destrói fronteiras sociais e geográficas, ela nos despeja todos numa permanente desintegração e mudança de luta e contradições; por isso, ser moderno é fazer parte de um universo, como dizia Marx, onde “tudo que é sólido desmancha no ar”.Em cinco séculos, a Modernidade, desenvolveu uma rica história e uma variedade de tradições próprias. E de que modo essas tradições podem nutrir e enriquecer nossa própria Modernidade, e como podem empobrecer o nosso senso de que seja ou possa ser ela? É isso que Berman vai tentar responder ao longo do texto. Essa ideologia paradoxal tem sido alimentada por muitas fontes que geram uma série de conseqüências pesadas, como as grandes descobertas nas ciências físicas, a industrialização da produção, etc. Berman, para tentar melhor explicar esse fenômeno, vai dividi-la em três fases:Primeira fase (vai do séc.XVI até o fim do séc.XVIII): Nessa, as pessoas estão apenas começando a experimentar a vida moderna; mal fazem idéia do que as atingiu.Segunda fase (séc.XIX): Essa tem início com a grande onda revolucionária de 1790, ganha vida de maneira abrupta e dramática (devido a Rev. Francesa) um grande e moderno público, que vai partilhar o sentimento de viver em uma “era revolucionária”, que gera explosivas convulsões em todos os níveis de vida, mas ao mesmo tempo, esse povo ainda lembra do que é viver material e espiritualmente; e é essa sensação de viver em dois mundos simultâneos, já que o mundo não é moderno por inteiro, que emerge e desdobra a idéia de modernismo e modernização.Terceira fase (séc.XX): Nessa, o processo de modernização se expande a ponto de abarcar virtualmente o mundo todo, e a cultura mundial do modernismo em desenvolvimento atinge espetaculares triunfos na arte e no pensamento. Por outro lado, à medida que a modernização vai se expandindo, o público moderno se multiplica em uma multidão de fragmentos, que falam línguas diferentes e que produzem culturas diferentes. Com isso, a idéia de Modernidade, concebida em inúmeros e fragmentários caminhos, perde muito da sua nitidez, ressonância, profundidade e sua capacidade de organizar e dar sentido a vida das pessoas; em conseqüência disso nos encontramos hoje, em meio a uma era moderna que perdeu contato com as raízes da sua própria modernidade.O autor vai apresentá-la em seus pontos positivos e negativos, e vai nos mostrar que a sua principal característica é a de que nada é eterno. Partindo desse pressuposto, vai dar como conseqüências dessa constante transformação, a modernização dos espaços humanos (as cidades), a criação dos automóveis e a própria mente e alma do ser humano; tudo isso, com embasamento na grande Revolução Industrial, que serviu como uma marcha de avanço geográfico, social e político no mundo (como o alargamento das ruas, maior número de pessoas circulando nas cidades e estabelecimento de salários).Essa mudança, transformação, e a rapidez da passagem de tempo e envelhecimento da evolução, vão aumentar a sensibilidade do homem moderno, exigindo uma renovação da alma e do pensamento humano, espelhando na arte moderna, que vai ser o ponto culminante para o homem expressar toda a sua sensibilidade e refletir suas mudanças externas e internas. E essa arte moderna, denominada Modernismo, vai ser um conjunto de experiências estéticas , que trazem a Modernidade como tema, tratando o seu relativo tempo com certa peculiaridade, mas sempre com perspectivas positivas.
O autor vai se utilizar, também, de Marx e Nietzsche para tentar explicar como o homem testemunha a Modernidade e ao mesmo tempo é um agente dela. Mas, de fato, o que ficará bastante explícito é que a Modernidade não é só um período de escravidão do homem a favor do capital, mas sim um problematizador de todo o século XIX em sua contradição, que é a mesma que moverá o mundo pra frente.