segunda-feira, 31 de março de 2008

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo, Companhia das Letras, 2007. Introdução: “Modernidade – ontem, hoje, amanhã” p.24-49.
Berman vai abordar a Modernidade de uma forma peculiar, a tratando mais como uma ideologia, do que como uma etapa temporal; demonstrando que é cheia de ambigüidades e contradições.Vai dar início ao texto falando sobre o “tempo vital”, onde se encontra um apanhado de experiências, como as do tempo e espaço, de si mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida; o que hoje é compartilhado por todos no mundo, e é esse grupo de experiências, que vai ser designado como Modernidade. O “ser moderno”, para Berman, é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas ao redor, mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo que sabemos e tudo o que somos. A Modernidade vai ter o dom de unir a espécie humana, porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade desunida; porque ao mesmo tempo em que ela destrói fronteiras sociais e geográficas, ela nos despeja todos numa permanente desintegração e mudança de luta e contradições; por isso, ser moderno é fazer parte de um universo, como dizia Marx, onde “tudo que é sólido desmancha no ar”.Em cinco séculos, a Modernidade, desenvolveu uma rica história e uma variedade de tradições próprias. E de que modo essas tradições podem nutrir e enriquecer nossa própria Modernidade, e como podem empobrecer o nosso senso de que seja ou possa ser ela? É isso que Berman vai tentar responder ao longo do texto. Essa ideologia paradoxal tem sido alimentada por muitas fontes que geram uma série de conseqüências pesadas, como as grandes descobertas nas ciências físicas, a industrialização da produção, etc. Berman, para tentar melhor explicar esse fenômeno, vai dividi-la em três fases:Primeira fase (vai do séc.XVI até o fim do séc.XVIII): Nessa, as pessoas estão apenas começando a experimentar a vida moderna; mal fazem idéia do que as atingiu.Segunda fase (séc.XIX): Essa tem início com a grande onda revolucionária de 1790, ganha vida de maneira abrupta e dramática (devido a Rev. Francesa) um grande e moderno público, que vai partilhar o sentimento de viver em uma “era revolucionária”, que gera explosivas convulsões em todos os níveis de vida, mas ao mesmo tempo, esse povo ainda lembra do que é viver material e espiritualmente; e é essa sensação de viver em dois mundos simultâneos, já que o mundo não é moderno por inteiro, que emerge e desdobra a idéia de modernismo e modernização.Terceira fase (séc.XX): Nessa, o processo de modernização se expande a ponto de abarcar virtualmente o mundo todo, e a cultura mundial do modernismo em desenvolvimento atinge espetaculares triunfos na arte e no pensamento. Por outro lado, à medida que a modernização vai se expandindo, o público moderno se multiplica em uma multidão de fragmentos, que falam línguas diferentes e que produzem culturas diferentes. Com isso, a idéia de Modernidade, concebida em inúmeros e fragmentários caminhos, perde muito da sua nitidez, ressonância, profundidade e sua capacidade de organizar e dar sentido a vida das pessoas; em conseqüência disso nos encontramos hoje, em meio a uma era moderna que perdeu contato com as raízes da sua própria modernidade.O autor vai apresentá-la em seus pontos positivos e negativos, e vai nos mostrar que a sua principal característica é a de que nada é eterno. Partindo desse pressuposto, vai dar como conseqüências dessa constante transformação, a modernização dos espaços humanos (as cidades), a criação dos automóveis e a própria mente e alma do ser humano; tudo isso, com embasamento na grande Revolução Industrial, que serviu como uma marcha de avanço geográfico, social e político no mundo (como o alargamento das ruas, maior número de pessoas circulando nas cidades e estabelecimento de salários).Essa mudança, transformação, e a rapidez da passagem de tempo e envelhecimento da evolução, vão aumentar a sensibilidade do homem moderno, exigindo uma renovação da alma e do pensamento humano, espelhando na arte moderna, que vai ser o ponto culminante para o homem expressar toda a sua sensibilidade e refletir suas mudanças externas e internas. E essa arte moderna, denominada Modernismo, vai ser um conjunto de experiências estéticas , que trazem a Modernidade como tema, tratando o seu relativo tempo com certa peculiaridade, mas sempre com perspectivas positivas.
O autor vai se utilizar, também, de Marx e Nietzsche para tentar explicar como o homem testemunha a Modernidade e ao mesmo tempo é um agente dela. Mas, de fato, o que ficará bastante explícito é que a Modernidade não é só um período de escravidão do homem a favor do capital, mas sim um problematizador de todo o século XIX em sua contradição, que é a mesma que moverá o mundo pra frente.

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