segunda-feira, 7 de abril de 2008

HOBSBAWM, Eric J.A Revolução Centenária. In: A Era dos Impérios1875-1814. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1988. pp. 29-56. (Texto 3).

A Revolução Centenária


Nesse capítulo da obra “A Era dos Impérios”, Hobsbawm tentará ilustrar as transformações, não só do capitalismo, como do mundo inteiro, principalmente da Europa, ao longo de um século. Um trecho do capítulo que irá demonstrar toda sua idéia:

“Contudo, enquanto num sentido o mundo estava se tornando demograficamente maior e demograficamente menor e mais global - um planeta ligado cada vez mais estritamente pelos laços dos deslocamentos de bens e pessoas, de capital e comunicações, de produtos materiais e idéias -, em outro sentido este mundo caminhava pela divisão.”

O autor deixará claro que o Capitalismo é um sistema que demanda transformação, produz progresso, e atrelado à Industrialização vai transformar esse processo de mudança em algo muito visível. E essa mudança será a única coisa imutável dentro da sociedade contemporânea.
As principais mudanças que irão ocorrer no mundo serão: as distâncias reduzidas, o aumento da expectativa de vida, a criação de um Mercado Mundial, diferenças cada vez maiores entre os mais ricos e os mais pobres (pessoas e sociedades) e o progresso da economia, que irá gerar desenvolvimento e subdesenvolvimento. O Capitalismo vai servir como um mecanismo de aproximação e distanciamento, pois ao mesmo tempo em que, com ele surgirá um mercado onde todos irão participar; criará uma maior diferença entre os países ricos e pobres.
Hobsbawm enunciará que no século XIX, a Europa terá um destaque maior; graças a Revolução Industrial e todas as mudanças atreladas a ela. Devido a esse destaque, os europeus irão penetrar totalmente na Ásia, na África e na América; tornando possível dominar e vencer os exércitos africanos e asiáticos com a sua tecnologia bélica, mais avançada. Com isso, percebemos que a Industrialização vai criar as diferenças entre as diversas sociedades do mundo, e até mesmo, dentro dos países.
No final do século XVIII, a tecnologia era muito rudimentar, havia pouco conhecimento científico. Porém, a partir do final do século XIX vai haver a Segunda Revolução Industrial, caucada no desenvolvimento científico, assim, demandando uma busca cada vez mais sistemática de tecnologia. Esse período será simultâneo ao uso do conhecimento científico como menção à dominação social.
A agricultura, no século XIX, vai passar por um processo de transformação, de desenvolvimento na produção (produzir no campo para a indústria). A produtividade da agricultura na Segunda Revolução Industrial vai aumentar, principalmente pelo uso de agrotóxicos, fazendo com que surgisse a mecanização no campo, e dando destaque a importância do desenvolvimento da Indústria Química.
A dinâmica do Capitalismo vai fazer emergir duas classes sociais, os Operários (com sua força de trabalho) e os Burgueses (com a posse do capital). Nessa época irá nascer na França e na Inglaterra, uma massa miserável da população. Com isso, ao logo do século XIX nesses países, vai haver uma série de revoltas, movimentos sociais, de resistência às condições péssimas de trabalho das camadas pobres ativas da população. Nesse âmbito, irão surgir os primeiros partidos operários (segunda metade do século XIX), que irão conseguir melhores condições de trabalho aos operários; como, redução da jornada de trabalho e extensão dos direitos civis.
Hobsbawm acredita que a miséria vai ser um elemento importante para o desenvolvimento da produção capitalista, pois obrigava os cidadãos a trabalhar em busca de recursos básicos para a vida. E vai finalizar seu primeiro capítulo indagando se o progresso levaria a um avanço da civilização, a um mundo, ou mesmo um país, “mais aperfeiçoado”; mais notável nas melhores características do homem e da sociedade; mais a frente do caminho da perfeição, mais feliz, mais nobre, mais sábio; e irá responder que as mesmas mentes que levaram o mundo ao progresso, o levarão a uma crise.

Nenhum comentário: