segunda-feira, 19 de maio de 2008

Fichamento de POLANYI, Karl. A Grande Transformação. São Paulo, Campus, 1980. Capítulo 12

O Nascimento do credo liberal



Karl Polanyi irá trabalhar no capítulo 12 de sua obra “A Grande Transformação”, como que a relação de trabalho criará uma desigualdade social; isso, demarcado no século XIX, que foi marcado pelo avanço do mercado e simultaneamente ao do trabalho, de terras e ao de financiamento.
Com isso, o autor tentara mapear a lógica do mercado capitalista, que irá se expandir da Europa central para o resto do mundo; o capitalismo esta constantemente em expansão, e isso irá ser realizado de várias formas. Para melhor explicar essa lógica de avanço de mercado, Polanyi irá mencionar a política do Laissez-faire que teve sua origem na França em meados do século XVIII e que significava libertar-se das regulamentações da produção, e o comércio não estava incluído.
A Inglaterra, em meados do século XVIII, estava com um protecionismo entranhado que os fabricantes de algodão de Manchester, em 1800, exigiram a proibição da exportação do fio, embora tivessem consciência do fato de que isto significava perda de negócios para eles. As origens do livre comércio da indústria do algodão são realmente um mito. A indústria só queria libertar-se da regulamentação na esfera da produção, pois a liberdade na esfera da troca ainda era considerada um perigo.
Na verdade, na obra, Polanyi irá deixar bem claro que o Liberalismo no século XIX era elitista e excludente, porém terá como objetivo unificar o Estado dentro de uma liberdade mercantil, deixar funcionar livremente.
Nesses novos setores assalariados, surgidos com essa expansão comercial, no final do século XVIII irá nascer uma nova elite social, um novo grupo de intelectuais. E é nessa época que vai haver uma extensão da cultura, com a possibilidade de vários setores da sociedade terem acesso à universidade, isso irá criar, irá fazer surgir, uma nova formação de intelectuais.
E o liberalismo começará a ser questionado por essa elite nascida de sua essência, e como exemplo, será a Comuna de Paris, em 1871, época de maior medo e aflição das elites européias.
E para finalizar seu capitulo sobre o nascimento do credo liberal, Polanyi irá surgir com um questionamento sobre as duas interpretações sobre o liberalismo. Qual seria a mais correta, o liberal econômico que afirma que sua política jamais teve uma oportunidade, tendo sido estrangulada por sindicalistas de visão estreita, intelectuais marxistas, fabricantes gananciosos e latifundiários reacionários; ou a dos seus críticos, que podem apontar para a reação “coletiva” universal contra a expansão da economia de mercado, na segunda metade do século XIX e como prova conclusiva do perigo para a sociedade inerente ao princípio utópico de um mercado auto - regulável? Questionamento que irá ser decifrado no decorrer dos próximos capítulos de sua obra.

domingo, 18 de maio de 2008

Fichamento de: SAID, Edward. Orientalismo. São Paulo, Companhia das Letras. Introdução

Orientalismo
O Oriente Como Invenção do Ocidente



Edward W. Said dará início a introdução de sua obra “Orientalismo: O Oriente como Invenção do Ocidente”, expondo a idéia que desenvolvera ao longo dos parágrafos:


“O Oriente era quase uma invenção européia, e fora desde a Antiguidade um lugar de romance, de seres exóticos, de memórias e paisagens obsessivas, de experiências notáveis. Estava agora desaparecendo: acontecera; de certo modo, o seu tempo havia passado. Talvez processasse irrelevante que os próprios orientais tivessem alguma coisa em jogo nesse processo, que mesmo no tempo de Chateaubriand e Nerval houvesse orientais vivendo lá, e que agora eram eles que estavam sofrendo; o principal, para um visitante europeu, era uma representação européia do Oriente e da sua ruína contemporânea, tanto como a outra com um significado comum privilegiado para o jornalista e seus leitores franceses”.


O autor irá analisar a conjunturas do século XX e os letrados dessa época, que irão construir a idéia de Oriente. E ao longo desse mesmo século, parte da nação do Ocidente é dada em parte pela sua contraposição do Oriente. Também a arte do século XX vai traduzir bem a imagem do Oriente pelo homem europeu; será mais um estereotipo, do que uma descrição; a cultura, nessa época, será um subproduto da economia.
Os europeus tinham uma visão bastante etnocêntrica do Oriente, sempre se baseavam na sua própria cultura, no seu modo de viver e nos seus costumes; por isso havia um certo estranhamento da parte dos mesmos.
O texto vai trabalha com questões geográficas e vai mostrar a importância do Orientalismo como forma de encarar um conjunto de culturas funcionais para se compreender a cultura Ocidental.
Said vai ainda diferenciar o Orientalismo em suas diversas formas:

“O que o orientalismo alemão tinha em comum com o orientalismo anglo-francês, e mais tarde com o americano, era uma espécie de autoridade sobre o Oriente no interior da cultura ocidental. Essa autoridade deve ser tema, em grande parte, de qualquer descrição do orientalismo, e o é neste estudo. Até o nome orientalismo sugere um estilo de especialização séria, pesada até; quando eu o aplico aos cientistas sociais americanos de hoje (visto que eles não chamam a si mesmos de orientalistas, o meu uso da palavra é anômalo), é com o fim de chamar a atenção para a maneira como os peritos no Oriente Médio ainda podem nutrir-se dos vestígios da posição intelectual do orientalismo na Europa do século XIX.”


Para finalizar, é perceptível que o autor após ter apontado para todas essas visões do Ocidente em relação ao Oriente, tendo como partida saber que a construção do Oriente ajudou ao Ocidente a montar sua própria imagem, devemos pensar o colonialismo como um processo de entender a Europa.

Fichamento de: DE DECCA, Edgar. “O Colonialismo como glória do Império” In: REIS FILHO, Daniel Aarão et alli. O século XX: o tempo das certezas. Rio d

O colonialismo como a glória do império.


Edgar de Decca dará início ao seu artigo citando as festividades de 22 de junho de 1897, onde se comemorava o jubileu de diamante da rainha Vitória, porém era um momento muito mais que especial, pois a Inglaterra nunca havia vivido um período de tão grande prosperidade econômica, com sua poderosa industrialização expandindo seus benefícios para um número cada vez maior de pessoas. É nesse âmbito que podemos encaixar a idéia de colonialismo defendida por de Decca, acreditando que o processo de industrialização contínua leva à expansão e a uma troca econômica e cultural:


“Agora, talvez, seja o momento de definirmos esse conjunto de acontecimentos históricos que expandiu as economias e os estados europeus para todas as partes do planeta, criando um grande sistema global de trocas de mercadorias, dinheiro, armas e população européia para o domínio de vastas áreas territoriais em todas as partes do mundo foi de tal proporção que ainda hoje estamos acostumados a definir este período da história contemporânea, que se estende de 1870 a 1914, como o período do imperialismo”.


O autor irá analisar a utilização do termo “imperialismo” como errôneo, dado que o mesmo tem um sinônimo de “construção de impérios”, pois para que este termo tivesse alguma correspondência com a realidade, seria necessário que a nação comandante desse império estendesse suas leis e suas instituições aos novos territórios e tornasse os povos dessas regiões tão iguais em direitos do que aqueles que vivem na nação-mãe; e isso nunca aconteceu. Portanto, podemos definir o imperialismo como uma política deliberada dos estados europeus de anexação de povos e territórios com vistas à expansão dos mercados capitalistas.
E De Decca irá ressaltar também, que nem todas as ampliações desses mercados capitalistas durante as últimas décadas do século XIX, foram realizadas mediante a uma ostensiva política imperialista de controle burocrático e militar de povos e nações; e um exemplo de um modo diferente de expansão foi no Brasil, que durante esse período, com a expansão da cultura cafeeira em São Paulo, concentrou grandes investimentos estrangeiros em casas bancárias e comerciais, no aparelhamento dos portos, nos transportes e serviços urbanos de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como na abertura de uma rede ferroviária que se estendia por toda a região de cultivo de café.
A expansão não se dava apenas pela força de mercado, haviam pactos locais, havia já uma elite de poder local que frequentemente vai se aliar à essa nova elite. O colonialismo não passava apenas pela questão racial, mas também por uma questão de elite, o que acabará gerando:


“A verdade é que não havia como ignorar a importância do debate revisionista, porque o capitalismo estava avançando em todos os lugares da Europa e fora dela, os trabalhadores industriais estavam se constituindo numa força política importante e os partidos socialistas ganhavam lugares importantes no Parlamento de vários países. Entre as vitórias conquistadas destacam-se, principalmente, a do Partido Social Democrata da Alemanha nas eleições de 1902, o crescimento do socialismo na Itália como forte presença das cooperativas camponesas, a quase-maioria dos socialistas no governo da câmara da França e também a presença marcante do Partido Socialista na Áustria”.


De Decca irá finalizar sua obra, afirmando que em um período de tantas mudanças e descobertas seria difícil avaliar como ocorreram tais transformações; porém, ele irá perceber que muitas das descobertas feitas pelas nações européias só foram possíveis, pelo desenvolvimento tecnológico propiciado pela industrialização.